segunda-feira, 8 de outubro de 2012

À minha Belo Horizonte


Resta de mim miríade de papéis nas calçadas;
Bandeiras rasgadas, cavaletes empilhados;
O pó de concreto e asfalto que aos poucos apagam os rostos felizes nos muros, agora restos de antigas promessas de dias melhores, mais bonitos;
Meninos no parque, fumando escondidos ao lado do skate abandonado;
                      Rostos e corpos amontoados na condução que segue ao trabalho;

                                                   
Sou a notícia velha, do conservadorismo travestido de inovação;
Um nó de carros que tomam sempre os mesmos atalhos a fugir do inevitável;
O Horizonte cada vez mais encurtado por arranha-céus que sangram o que um dia foi Belo.


Débora Martins
outubro de 2012