domingo, 19 de julho de 2015

Das estradas, caminhos e do tempo

Domingo pálido de sol frio...
Na rede, primeiros dias de férias....
Na Chaleira da mente apitam algumas urgências.
Mas o que é urgente senão o momento de hoje, o agora?  Que raios é essa mania de colocarmos o "se" ou o "quando" na frente de tudo?
Por que nos é tão difícil ser feliz com o agora?  Aliás por que é tão complicado admitirmos-nos felizes com o que se tem, aceitar o saldo como positivo?
Desde quando o patamar cultural do que é estável,  bom e digno, do que é sucesso realmente o é?
Qual das estradas é a que se deve seguir... E qual atalho pegar, qual desvio tomar? Qual é o destino? 
As coisas seriam, de fato, melhores se soubéssemos tudo? Que garantia teríamos se soubéssemos do prêmio ao final???
E por que vivemos achando que ele está ao final? Nessa loucura e desleal relação com o tempo,  tudo o que queremos é um prêmio ao final da caminhada.
Mas... E se o verdadeiro ganho for a própria caminhada?  E se o que temos para hoje é a felicidade de termos esse dia para vivermos???
Da capacidade de sermos felizes por nada, porque isso tornaria tudo, absolutamente tudo especial. A ausência ser o sintoma de que você é capaz de sentir o que/quem lhe falta. A dor a constatação de que você não está anestesiado, e por isso sente, intensamente sente. O medo pode, ao invés de travar, te fazer correr e se lançar para aquilo que você não quer perder.
O amor, ah o amor te faz livre quando ele te faz sorrir ou mesmo chorar, porque querer bem não precisa de licença, porque ter sorriso bobo na cara não precisa de permissão. Porque cada bolinha de fogo com gelo que se engole, te faz lembrar que você ainda respira e é capaz de desejar,  e se deseja.
Ter fome e sede de vida, e se fartar dela, porque simplesmente ela se faz agora, ela nos é completa, agora e só o agora é o que realmente temos.
O tempo é como um prisma: milhares de faces, mas todas dependentes do seu olhar.  A concepção do passado, só vale porque você não está mais nele. O futuro aquela projeção do que ainda não é... não merece todas as suas fichas. O presente: o agora.
O que somos para além daquilo que nos dizem o espelho,  os documentos,  os diplomas, o Facebook...
O que somos em nós mesmos, da alegria de agora, neste momento, sermos nós e não memória.